sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Datura, plantas bruxescas. Texto I.




Nomes vulgares: erva do diabo,figueira do inferno,trompeta de anjo

A origem do nome vem do hindú “dhát”, um veneno preparado com plantas, e “tatorah”, entorpecente. Plantas desse gênero e de alguns outros gêneros de Solanáceas apresentam compostos com propriedades alucinógenas, o que é conhecido desde tempos imemoriais. Povos primitivos, tanto da Eurásia como do Novo Mundo, fizeram intenso uso dessas propriedades em rituais místicos e religiosos, bem como para fins medicinais; outros usos eram criminosos, para tirar a consciência das pessoas para as roubar ou matar.

Toda a planta é extremamente venenosa. Diversas espécies de Datura são originárias do Novo Mundo, mas Datura stramonium é originaria de uma região à volta da Cordilheira do Himalaia, na Ásia Menor e de regiões a volta do Mediterrâneo, foi levada para as mais diversas regiões do mundo, sendo hoje de distribuição universal. Apresenta ampla ocorrência no Continente Americano, sendo que no Brasil pode ser encontrada em grande parte do território, mas raramente forma grandes concentrações. Cultiva-se em grande escala para fins medicinais.

São colhidas as folhas e as sementes. As folhas devem ser cortadas de manhã cedo, no princípio da floração. São primeiro secadas estendidas ao lado umas das outras, em seguida podem ser amontoadas. Num secador, a temperatura não deve ultrapassar os 45ºC. As sementes são retiradas após a secagem das cápsulas. Os dois produtos contêm alcaloides derivados do tropano (0,4%), a hiosciamina, a atropina, a escopolamina. Estas substâncias são espasmolíticas (aliviam as contrações musculares), diminuem as secreções glandulares e dilatam os brônquios. São apenas tratadas no âmbito da indústria farmacêutica, e os remédios à base destas substâncias só podem ser prescritos por um médico. É uma planta tóxica para os animais e para o homem. Os envenenamentos de crianças pelas sementes de estramônio são relativamente freqüentes, sendo a dose letal, aproximadamente, 20 sementes.

Os efeitos alucinógenos provocam visões e sensações que eram tidas como formas de comunicação com os deuses. Curandeiros e adivinhos buscavam inspiração nessas visões. Ritos de iniciação, bem como de passagem de condições de crianças para adultos, envolviam o uso de preparados dessas plantas. Na região de Bogotá as viuvas e os escravos dos guerreiros mortos recebiam uma bebida com extratos dessas plantas, com o que entravam em estado de torpor e assim eram enterrados vivos com os seus senhores. Plantas dos grupos mencionados não são substitutivas de plantas que fornecem drogas, como canabbis sativa, papoula ou coca, pois ao lado do efeito alucinógeno, existe um forte efeito tóxico, e uma “viagem” com Solanáceas frequentemente não tem retorno.

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